Resistência e Territorialidade: a linguagem como ferramenta em tempos de contestação A contemporaneidade tem se caracterizado pela compressão espaço-tempo, pela desestabilização de sistemas de crenças e de valores, pelo deslocamento e pelo desconcerto. As transições paradigmáticas que temos experimentado em todos os âmbitos da vida social, cultural, política e econômica, têm contribuído para o colapso de normas reconhecidas e a perda de referências explícitas, produzindo indivíduos em choque, em conflito e desorientados, segundo Fabrício em Linguística aplicada como espaço de “desaprendizagem”: redescrições em curso (2006). Diante desse panorama, os avanços conquistados por grupos minoritários engajados em lutas sociais no decorrer dos séculos XX e XXI colidem cada vez mais com movimentos ocasionados por uma ansiedade disseminada em face destas transformações. O trânsito daqueles tradicionalmente excluídos por espaços anteriormente reservados aos grupos hegemônicos tem borrado fronteiras percebidas como estáveis, acarretando as tensões, intolerâncias e polarizações que vêm reverberando pelo mundo. Partindo do pressuposto de que é nestas disputas por significado que as relações de poder são negociadas e atualizadas e de que, como afirma Norman Fairclough em Discurso e Mudança Social (2001, p. 61), “não estamos meramente posicionados, de forma passiva, mas somos capazes de também atuar como agentes”, a resistência mostra-se possível. Afinal, se “a consciência da infelicidade supõe a possibilidade de outra coisa”, como disse Henri Lefebvre em La Production de L’espace (1974), é pela contestação das normas vigentes, pela subversão e pela transgressão que ela pode ser buscada; é, pois, resistindo! Sabendo que a linguagem exerce importante papel na transformação da sociedade, esta edição temática convida pesquisadoras e pesquisadores a submeterem trabalhos que discutam práticas de resistência de grupos minoritários e/ou marginalizados em busca de direitos e espaços na sociedade, seja por meio de engajamento em movimentos sociais ou não. Pois compreendemos que trabalhos desse tipo podem gerar entendimentos sobre a dinâmica entre as variadas práticas de resistência e a eventual reificação do poder sistêmico em jogo nas práticas discursivas de atores sociais na atualidade. A proposta deste número temático dos Estudos da Linguagem abarcará trabalhos de Análise do Discurso e de Narrativa, dos Estudos da Tradução, de Linguística e das Ciências Humanas em geral que discutam tópicos ligados à Resistência e Territorialidade, que tenham como foco o discurso e/ou a linguagem. Considerando que a linguagem não representa a realidade social, mas a funda, esta edição temática abre espaço para a discussão de questões relativas às mudanças sociais em andamento pelo mundo, bem como a possibilidade de práticas transformacionais perante o fortalecimento de estruturas sociais hegemônicas. Convidamos pesquisadoras e pesquisadores a enviar trabalhos que contemplem:
Organizadoras: Etyelle Araújo e Naomi Orton Doutorandas em Estudos da Linguagem - PUC-Rio
Prazo para envio das contribuições: 19 DE ABRIL DE 2019 Dúvidas: revista.escrita.puc@gmail.com Não serão aceitos trabalhos que não estejam de acordo com as normas da revista. São aceitos trabalhos em português, inglês, espanhol e francês. Aceitam-se trabalhos de doutores, doutorandos, mestres e mestrandos. Autores bacharéis e licenciados, assim como graduandos, serão muito bem-vindos, em coautoria com doutores. -- Call for papers (regular thematic issue) Resistance and Territoriality: language as a tool in times of contestation Disconcerting above all else, late modernity has been characterized by the compression of space and time, the disruption of established value and belief systems, as well as generalised displacement. According to Fabrício in Linguística aplicada como espaço de “desaprendizagem”: redescrições em curso (2006), the paradigmatic shifts experienced in all spheres of social, cultural, political and economic life have contributed to the collapse of recognised norms and the loss of explicit references, producing individuals in shock, in conflict and increasingly disorientated. Given this backdrop, the advances achieved by minority groups engaged in social struggles over the course of the 20th and 21st centuries are met with growing suspicion by counter movements, the product of widespread anxiety in the face of such transformations. Moreover, the mobilization and increased migration of those marginalized or excluded from social life, as well as such groups’ participation in domains previously the reserve of the privileged few has blurred boundaries formerly thought to be stable, generating the tensions, intolerance and polarisations which have reverberated around the globe. Based on the assumption that is in the resulting disputes for meaning that relations of power are negotiated and remade and that, as Norman Fairclough put forward in Discourse and Social Change (1992, p. 61): “constituted social subjects are not merely passively positioned but are capable of acting as agents”, resistance surfaces as a possibility. After all, if: “the consciousness of unhappiness supposes the possibility of something else (of a different life)”, as Henri Lefebvre remarked in La Production de L’espace (1974), then it is by questioning, subverting ou transgressing dominant social norms that resistance materialises. Recognising that language plays an important role in society’s transformation, we invite researchers to submit papers which discuss practices of resistance engaged in by minority groups in their search for increased rights and greater freedoms within society, whether as part of social movements or not. This is based on the view that contributions of this nature may further understanding of the dynamic between practices of resistance and the possible reification of systemic power emergent in the discursive practices of present day social actors. While remaining within the ambit of language studies, the forthcoming edition encompasses submissions from the fields of discourse analysis, narrative analysis, translation studies, linguistics and the humanities in general, which discuss topics related to resistance and territoriality and which focus on discourse and/or language. Guided by the perspective that rather than representing social reality, language creates this, the current edition welcomes the discussion of issues related to ongoing social changes around the world, as well as the possibility for transformative practice as hegemonic social structures seemingly gain strength. We therefore invite academic researchers to submit papers which contemplate the following:
Organisers: Etyelle Araújo and Naomi Orton PhD candidates in Language Studies
Deadline for submissions: 19th of April 2019. Please send queries to: revista.escrita.puc@gmail.com. Articles which do not follow the journals’ norms will not be considered for publication. Submissions are accepted in Portuguese, English, Spanish and French. Submissions are accepted from Masters’ students and PhD candidates. Undergraduates are welcome to submit articles in coauthorship with those already in possession of a PhD. |