Chamada para número regular temático - Edição 27

Diálogos entre arte e política: resistindo ao anti-intelectualismo

A Freedom House, instituição estadunidense, reportou 2019 como o décimo terceiro ano seguido de recessão democrática no mundo. A crise de meia-idade da democracia, como o cientista político David Runciman chama o processo de fragilização democrática pela qual o mundo vem passando em sua obra Como a democracia chega ao fim (2018, p. 233), ressuscita a discussão acerca do conceito usado para denominar esses movimentos que pipocaram ao redor do planeta nos anos recentes. Neste cenário, o número de distopias e heterotopias cresceu exponencialmente nas últimas décadas, imaginando os mais diferentes futuros aterradores possíveis, conforme aponta a historiadora Jill Lepore no artigo A golden age for dystopian fiction (The New Yorker, 2017). Grande parte delas interseccionam ao mostrarem, nesses futuros, governos e sistemas autoritários, totalitários, fascistas, populistas, ou qualquer outro rótulo possível. E não é por coincidência: da mesma forma que o crescimento do subgênero da distopia, no início do século XX, foi influenciada diretamente pelas várias catástrofes da primeira metade do século, formando uma geração de escritores que eram capazes de ver na destruição humana uma estética, a recessão democrática contemporânea faz com que pululem novas obras sobre os “ismos”. A política no real influencia na política da ficção; 1984 não voltou a ser best-seller por nada. Dentro desse contexto, a política da política consiste em um permanente ataque à arte, que, por conta própria, adota a política de resistência. Por si só, essa questão gera outras abordagens epistemológicas: é possível falar de arte sem falar de política? É possível ser apolítico na arte? O que significa discutir política e arte no Brasil de hoje?

A principal proposta deste dossiê é que seja criado um debate das relações dialógicas entre arte e política no Brasil contemporâneo, discutindo conceitos como poder, hegemonia, autoritarismo, ur-fascismo e anti-intelectualismo. A ideia é oferecer um panorama geral da relação simbiótica entre arte e política, a representação de conceitos políticos específicos na literatura e as metodologias de resistência que a arte pode assumir frente ao anti-intelectualismo. Com os recentes e constantes cortes na arte, cultura, ciência e tecnologia, bem como com a ascensão do anti-intelectualismo, justifica-se a relevância deste trabalho pela necessidade de se trazer um debate poliárquico sobre a importância da arte e da cultura para o pleno exercício do Estado democrático de direito, com particular atenção no que tange às formas com que a arte pode assumir para resistir ao autoritarismo e ao ur-fascismo. Convidamos pesquisadoras e pesquisadores a enviar trabalhos que dialoguem com temas como:

  1. Representações de fenômenos políticos na literatura.
  2. Diálogos entre distopias, heterotopias e utopias.
  3. A influência da política na arte e da arte na política.
  4. Formas e formatos de resistência que as artes podem assumir.
  5. Biopolítica, necropolítica, tanatopolítica e suas relações com a arte.

 Organizador: Sergio Schargel,
Mestrando em Literatura, Cultura e Contemporaneidade (PPGLCC/PUC-Rio),
Mestrando em Ciência Política (PPGCP/UNIRIO).

Prazo para envio das contribuições: 13 DE MARÇO DE 2020
Envio das contribuições somente pelo sistema da Revista escrita: http://www.periodicosmaxwell.vrac.puc-rio.br/

Dúvidas: revista.escrita.puc@gmail.com

Não serão aceitos trabalhos que não estejam de acordo com as normas da revista. São aceitos trabalhos em português, inglês, espanhol e francês. Aceitam-se trabalhos de doutores, doutorandos, mestres e mestrandos. Autores bacharéis e licenciados, assim como graduandos, serão muito bem-vindos, em coautoria com doutores.


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Call for papers (regular thematic issue)

Dialogues between art and politics: resisting anti-intellectualism

Freedom House, a US institution, reported 2019 as the thirteenth year in a row of a democratic recession in the world (WOLF, 2019). The midlife crisis of democracy, as political scientist David Runciman calls the process of democratic fragilization that the world has been going through (RUNCIMAN, 2018, p. 233), resurrects the discussion about the concept used to call these movements that have sprung up around the planet in recent years. In this scenario, the number of dystopias and heterotopias has grown exponentially in recent decades, imagining the most terrifying future possible. Most of them intersect by showing authoritarian, totalitarian, fascist, populist governments and systems in these possible futures. And it is no coincidence: just as the growth of the dystopia subgenre in the early twentieth century was directly influenced by the various catastrophes of the first half of the century, forming a generation of writers who were able to see human destruction as an aesthetic, the contemporary democratic recession causes new works on the political "isms" to spread. Politics in the real world influence the politics in fiction: there were obvious reasons why 1984 returned to the best-seller lists. Within this context, the politics of politics consists of a permanent attack on art, which, on its own, adopts the politics of resistance. This question alone generates other epistemological approaches: is it possible to speak of art without speaking of politics? Is it possible to be apolitical in art? What does it mean to discuss politics and art in contemporary Brazil?

The main purpose of this call is to create a debate on the dialogical relations between art and politics in contemporary Brazil, discussing concepts such as power, hegemony, authoritarianism, ur-fascism and anti-intellectualism. The idea is to provide an overview of the symbiotic relationship between art and politics, the representation of specific political concepts in literature, and the methodologies of resistance that art can assume in the face of anti-intellectualism. With the recent and constant budgetary cuts in art, culture, science and technology, as well as the rise of anti-intellectualism, the relevance of this work is justified by the need to bring a polyarchic debate on the importance of art and culture for the full exercise of the democratic rule of law, with particular attention to the ways in which art can take to resist authoritarianism and ur-fascism. We invite researchers to submit papers that dialogue with topics such as:

  1. Representations of political phenomena in the literature.
  2. Dialogues between dystopias, heterotopias and utopias.
  3. The influence of politics on art and art on politics.
  4. Forms and formats of resistance that the arts can assume.
  5. Biopolitics, necropolitics, thanatopolitics and their relations with art.

Organizer:
Sergio Schargel,
Master’s candidate in Literature and Culture (PPGLCC/PUC-RIO),
master’s candidate in Political Science (PPGCP/UNIRIO)

Deadline for submissions: MARCH 13th, 2020.

All contributions should be sent via our online system: http://www.periodicosmaxwell.vrac.puc-rio.br/

Please send queries to: revista.escrita.puc@gmail.com

Articles which do not follow the journal’s norms will not be considered for publication.

Submissions are accepted in Portuguese, English, Spanish and French. Submissions are accepted from Masters’ students and PhD candidates. Undergraduates are welcome to submit articles in coauthorship with those already in possession of a PhD.